sexta-feira, maio 17, 2013

Resenhando desventuras #2 - A bolsa amarela


Imaginação, diga-se de passagem, sempre foi meu forte. Como se não bastassem as involuntárias viagens intergalácticas feitas pelos meus neurônios, me aparece uma professora de Português exigindo a leitura de alguns livros de Lygia Bojunga. Nunca fui fã de leitura obrigatória; o fato de algo prazeroso ser feito por obrigação, o torna um fardo, e de fardos já basta. Sem alternativas, li A bolsa amarela. Não uma, não duas, mas  - no mínimo - três vezes. 
O livro conta a história de Raquel e sua família. Até ai, nada fora do convencional. No entanto, vale salientar que a autora do livro é Lygia Bojunga, logo, o comum torna-se original em questão de algumas páginas. Raquel é a mais nova de uma família com 4 irmãos, todos muito mais velhos que ela. Há um certa exclusão com a pirralhinha da família; não fosse suficiente ser a caçula, Raquel ainda era fruto de uma gravidez inesperada. Pacote nada generoso.
O desenrolar da história se dá pela imaginação fértil da menina; por se sentir excluída da família, a mesma desenvolve o hábito de redigir cartas para si própria; cartas estas que geram inúmeras confusões entre os irmãos de Raquel, por pensarem se tratar de remetentes reais. Num belo dia de doações feitas por sua tia, Raquel termina com uma bolsa, a qual dá título ao livro. A partir daí, um conjunto de situações acontecem devido à bolsa, às cartas e às vontades da garota que não param de crescer.
No livro, essas vontades têm um caráter simbólico, pois são tratadas de maneira material. A autora descreve o crescimento das mesmas como um objeto que vai inflando à medida que os desejos de Raquel aumentam; por 'crescerem' tanto em determinadas épocas, a garota tem dificuldades em 'escondê-los'. Ter nascido menino é uma de suas vontades mais crescentes.
Através da Bolsa Amarela o leitor é convidado a entrar em um universo paralelo. Imaginação, criatividade, lições de amizade e auto-descobertas são algumas das características que permeiam o núcleo da obra infanto-juvenil. Lygia Bojunga conseguiu - com maestria - inserir uma obra de caráter psicológico no contexto infantil. Trata-se de uma leitura deliciosa e que, mais uma vez, afirma o talento de Lygia. 
Quanto a mim, só posso dizer que fiquei mais 'viajada' que de costume após ler A bolsa amarela. Se foi totalmente benéfico, eu não sei; mas, com toda a certeza, posso agradecer a Lycia por ter me obrigado a conhecer Lygia Bojunga. Quem dera se todas as obrigações fossem assim, não é verdade? 

Boa leitura!

4 comentários:

  1. Olá Mirela,

    Achei seu blog muito lindo e gostei muito das postagens. Não li esse livro, parece ser bem legal. É uma boa dica.

    Estou seguindo seu blog, convido-a para conhecer o meu.
    http://marcia-pimentel.blogspot.com.br

    Bjs

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    1. Obrigada, Márcia! (: Fico feliz que você tenha gostado e recomendo bastante a leitura.
      Obrigada por seguir meu blog, e vou visitar o seu sim, com certeza.

      Beijo!

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  2. A gente acaba se surpreendendo com a "leitura obrigatória", essa é a verdade.Acho que mesmo em meio aos problemas e a uma aparente superficialidade dos métodos pedagógicos, quem está disposto a ler e a compreender a obra de fato, ganha bastante com isso, percebe coisas que muito provavelmente a maioria dos alunos não percebem. Enfim, parece muito bom mesmo o livro.

    AW Lela, lindo blog. <3

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  3. Eu até que procurei, mas não consegui pensar em uma resposta decente pra teu comentário, Rá. Sintetizou exatamente o que eu penso! Que bom que tu gostou! (:

    Beijo!

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